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02/04/2014

Um poema que uma fada me escreveu


ROSA BRANCA ROSA VERMELHA

estende a mão, irmã,
que o caosmos está preparado para o regresso
sob os pequenos sigilos dos equinócios estende a
mão
onde há asas entre os espaços vazios do tempo
com a aquática timidez florida nos cabelos

poderemos ter morrido pelo fogo
com a memória espartilhada das mulheres caladas?
habitaríamos o primordial voo da beleza
como agora na distância nos reconhecemos por ela?

estende a mão, irmã,
a nossa casa é tão alta
que os mapas reencontrados existirão sempre
das raízes ao esquecimento - pela dança
e entre os teus cabelos solares e as luas do silêncio
cumprem sempre a sua travessia tão antiga 

porque o teu nome caçador eleva o estandarte da
beleza
acima daqueles que duvidam do amor
com a cumplicidade de Helena que se banha na alma
de cada mulher que se cumpre pela humildade
e pela antiguidade do reconhecimento

estende a mão,
há palavras entre os cogumelos e as abóboras e a
nudez
que urgem como essas linhas de água do corpo teu
palavras nocturnas, palavras no código original
onde me sento sempre ao lado da tua aparição
com a atemporalidade da nossa boca reflexiva
e o vento tornado conjunto, eclipsando tudo

não te importes com as sílabas que a infância não
soube professar
há tantas escolas na cabeça onde podemos ver como
as crianças ainda amanhecem

estende a mão, irmã,
para que possa dizer a beleza
ao contrário das mulheres que temem
os seus vinte e dois passos nascidos da cíclica
loucura
com que sempre encarámos os espelhos sem moldura
assim seja ao longo dos tempos em que continuámos
pequenas
pelo sol dessa cidade pálida de laranjas, de matéria e
de verdade

Texto: Constanza Muirin
Fotografias: Ben Reynolds





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